Monday 29 December 2008
explicação dos espelhos
e multipliquem os espelhos que cantam
tenho o coração escondido para que ninguém o veja
conheço a chuva dos olhos e encosto o ouvido
aos joelhos
dou-te uma escada construída por relâmpagos
uma escada feita de folhas e de cântaros para
matar a sede
e uma pomba dentro do poema
para que possas morrer
cantar um rumor
no
fogo
maria azenha
in A chuva nos espelhos
**
Saturday 20 December 2008
ascensão
O oceano ilimitado do cosmos
adensa-se no rumo das descobertas.
Nos mares do universo,
os planetas são as costas a atingir.
As epopeias não terminaram!
Ainda há rotas a cruzar
e mundos a descobrir.
(...)
Ascender!
Eis a essência.
Ou a necessidade!
Vicente Ferreira da Silva
in Metafísica (poética)
**
Saturday 13 December 2008
Saturday 29 November 2008
Sunday 23 November 2008
Sunday 16 November 2008
o mar
Antes que o sonho (ou o terror) tecera
mitologias e cosmogonias,
antes que o tempo se cunhasse em dias,
o mar, sempre o mar, já estava e era.
Quem é o mar? Quem é o violento
e antigo ser que destrói os pilares
da terra, e é só um e muitos mares,
e abismo e resplendor e azar e vento?
Quem o olha vê-lo pela vez primeira,
sempre. Com o assombro tal que as coisas
elementares deixam, as formosas
tardes, a lua, o fogo da fogueira.
Quem é o mar, quem sou? Sei-o no dia
que virá logo após minha agonia.
poema de Jorge Luis Borges
trad.: José Bento
fotografia retirada da net
***
Tuesday 29 July 2008
Sunday 27 July 2008
...dias de areia
Friday 25 July 2008
luz no teu caminho
Monday 21 July 2008
Saturday 19 July 2008
Thursday 17 July 2008
...
zu den Räumen hinzu, die wir atmen; vielleicht daß die Vögel
die erweiterte Luft fühlen mit innigerm Flug."
Acaso não o sabias já? Lança de teus braços o vazio
em direcção aos espaços que respiramos; talvez que as aves
num voo mais íntimo sintam o ar assim expandido.
poema de Rainer Maria Rilke
fotografia de autor desconhecido
*
Friday 11 July 2008
Wednesday 9 July 2008
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Sunday 6 July 2008
...
Thursday 3 July 2008
...
Tuesday 1 July 2008
tudo ... nada
Sunday 29 June 2008
...sabor a mar
Monday 23 June 2008
Saturday 21 June 2008
Wednesday 18 June 2008
...breve
Saturday 14 June 2008
Friday 13 June 2008
...eterno
Onda que, enrolada, tornas,
Pequena, ao mar que te trouxe
E ao recuar te transtornas
Como se o mar nada fosse,
Porque é que levas contigo
Só a tua cessação,
E, ao voltar ao mar antigo,
Não levas meu coração?
Há tanto tempo que o tenho
Que me pesa de o sentir.
Leva-o no som sem tamanho
Com que te oiço fugir!
Fernando Pessoa
Luis Badosa
homenagem a Fernando Pessoa.
Óleo s/ tela - 1997
*
Tuesday 10 June 2008
...no mar
Sunday 8 June 2008
MEME
.
A Querida Avelaneira de cantares de amigo deixou-me um desafio que muito agradeço.
Devo, pois, procurar definir-me em seis palavras numa “muito curta” biografia
(há quem opte por um conceito) e pode-se dar-lhes ênfase com uma imagem.
Deve colocar-se o link para quem nos desafiou e a nós compete-nos desafiar cinco blogues, avisando-os deste mesmo convite.
.
E assim:
AZUL - a essência de sentir
MAR - onde respirar em paz
ESTRELAS - para onde "um dia" partir
PINTAR - quando a alma "escreve a cores "
MÚSICA / CANTAR - o encontro com o "silêncio"
AMIGOS - uma boa razão para "aqui" viver
e passo o testemunho a :
http://luzdasol.blogspot.com/
http://serenidade3.blogspot.com/
http://gostardeviver.blogspot.com/
http://olhospretos.blogspot.com/
http://tresmarias-anovaes.blogspot.com/
e a todos que queiram participar...
A Querida Avelaneira de cantares de amigo deixou-me um desafio que muito agradeço.
Devo, pois, procurar definir-me em seis palavras numa “muito curta” biografia
(há quem opte por um conceito) e pode-se dar-lhes ênfase com uma imagem.
Deve colocar-se o link para quem nos desafiou e a nós compete-nos desafiar cinco blogues, avisando-os deste mesmo convite.
.
E assim:
AZUL - a essência de sentir
MAR - onde respirar em paz
ESTRELAS - para onde "um dia" partir
PINTAR - quando a alma "escreve a cores "
MÚSICA / CANTAR - o encontro com o "silêncio"
AMIGOS - uma boa razão para "aqui" viver
e passo o testemunho a :
http://luzdasol.blogspot.com/
http://serenidade3.blogspot.com/
http://gostardeviver.blogspot.com/
http://olhospretos.blogspot.com/
http://tresmarias-anovaes.blogspot.com/
e a todos que queiram participar...
*
Thursday 5 June 2008
...firme
Sunday 1 June 2008
se todo o ser
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus, em sangue, ambalando a própria dor
Em frente ás madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma beberá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Sophia de Mello Breyner Andresen
fotografia retirada da net
*
Saturday 31 May 2008
Saturday 24 May 2008
... e nas nuvens?
Saturday 17 May 2008
...aos teus olhos
Saturday 10 May 2008
...ao mar
.
h
.
"ao mar lançai...
.
partículas de Amor,
.
como beijos profundos,
.
que emanam calor!"
.
"angel of light"
fotografia retirada da net
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Thursday 1 May 2008
... do fundo do Oceanus
.
.
Ítaca
.
Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e de experiências.
Ciclopes, Lestrogónios, e mais monstros,
um Poseidon irado — não os temas,
jamais encontrarás tais coisas no caminho,
se o teu pensar for puro, e se um sentir
sublime teu corpo toca e o espírito te habita.
.
Ciclopes, Lestrogónios, e outros monstros,
Poseidon em fúria — nunca encontrarás,
se não é na tua alma que os transportes,
ou ela os não erguer perante ti.
Deves orar por uma viagem longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
quando, com que prazer, com que deleite,
entrares em portos jamais antes vistos!
Em colónias fenícias deverás deter-te para
comprar mercadorias raras: coral e madrepérola,
âmbar e marfim, e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes o quanto possas.
E vai ver as cidades do Egipto,
para aprenderes com os que sabem muito.
.
Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.
.
.
poema de Konstantínos Kaváfis (Κωνσταντίνος Πέτρου Καβάφης)
tradução de Jorge de Sena
fotografia retirada da net
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Tuesday 29 April 2008
...
Saturday 26 April 2008
a velha ilha
Chuva vem com o vento
a cair no mar
que faz sons,
sons fazem música
ao bater no mar
no Oceano que renasce.
A ilha dança
dança o negro sozinho
sozinho a olhar
para o mar
a ver se vê barcos grandes
ou pequenos
o tamanho não importa
importa sair
da ilha solitária.
poema de Victor Hugo ( 9 anos)
imagem retirada da net
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Wednesday 23 April 2008
pudesse eu
Tuesday 22 April 2008
Dia da Terra
"Dia 22 de Abril é o Dia da Terra. Do nosso Planeta.
Este dia pode assim englobar todas as temáticas
comemoradas no "calendário ambiental",
constituindo uma excelente oportunidade para
fomentar o início de projectos mais amplos nos
domínios ambiental, com benefícios para todos.
(...)
Desafio-o(a) a si a mudar um hábito seu a partir de hoje.
Várias sugestões podem ser encontradas aqui, ali e acolá.
Também poderá aproveitar para jantar com a Terra.
Se nenhuma destas ideias lhe satisfaz, seja criativo(a) e inove.
As possibilidades são infinitas!"
texto retirado daqui
fotografia retirada da net
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Friday 18 April 2008
... e tu sabes?
Tuesday 15 April 2008
Friday 11 April 2008
Wednesday 9 April 2008
dizer (II)
Eis que ouve vindo dos boreais:
-"No ciclo espiral aprende a morrer
na ressurreição dos brancos ancestrais"!
Eis que assoma do lado austral,
meneio de milagre momento,
a sacra espantosa unidade total!
.
Logo em revoada de murmúrios,
capta o olhar Zéfiro invisível
vogando à bolina de ocidentais augúrios.
fiapos de espuma em lábios desprende
transcendente sabor de Aqui e Agora!
.
.
.
poema de daniel cristóvão
fotografia de Annie W.
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Thursday 3 April 2008
água...water...wasser...eau...aqua...
Tuesday 1 April 2008
Thursday 27 March 2008
mar que tens dentro de ti?
(...)
Queres navegar comigo
noutro mar como tu?
(...)
O mar tem canções de embalar
e coisas de encantar o luar.
Mar que tens dentro de ti?
(...)
Mar diz-me, qual é
o teu segredo?
- É a minha frescura
e a minha face macia e suave
que me deixa satisfeito.
-Queres levar a minha alma
para as tuas profundezas?
poema de Luís Carlos Horta, 9 anos
fotografia retirada da net
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Wednesday 19 March 2008
...em cada manhã
nasce um novo raio de sol,
...em cada manhã
cristaliza-se uma nova gota de orvalho,
...em cada manhã
cresce um novo pulsar de pura vida,
...em cada manhã
vivem serenos mistérios encontrados,
...em cada manhã
guardas doces silêncios amplamente amadurecidos,
...em cada manhã
reencontras esse mar de azul eterno
que nas praias desta mesma e única vida,
exausto, estremece com a luz de um novo dia!?
h
fotografia retirada da net
***
Tuesday 18 March 2008
Quero...
Quero
Nos teus quartos forrados de luar
Onde nenhum dos meus gestos faz barulho
Voltar.
E sentar-me um instante
Na beira da janela contra os astros
E olhando para dentro contemplar-te,
Tu dormindo antes de jamais teres acordado,
Tu como um rio adormecido e doce
Seguindo a voz do vento e a voz do mar
Subindo as escadas que sobem pelo ar.
poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
imagem retirada da net
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Saturday 15 March 2008
Dizer (I)
Dizer (I)
.
Que posso dizer,
tão pobre,
que não possa trair
teu belo e nobre ser?
.
Que posso fazer
e pensar,
que se a vida perder
a venha reencontrar?
.
E que posso querer,
Senão depor no altar,
-dor álacre universal
amplexo de solar adeus-
sacra espada ritual,
meia-noite em dia céus?!
.
.
poema de daniel cristovão
.imagem recebida por e-mail
***
Friday 14 March 2008
...my heart
Monday 10 March 2008
...transparências
Thursday 6 March 2008
puro ouro
voltar....
...voltar ao vosso convívio, partilhar palavras e imagens é sem dúvida uma das mais belas formas de estar do Oceanus... durante vários e longos dias fui privada deste pequeno prazer... contudo aqui deixo o meu mais sincero agradecimento por todos os comentários, presentes, mensagens carinhosas e muitas visitas silenciosas ...do fundo do Oceanus tudo ... agradeço
.
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.
.
***
Wednesday 27 February 2008
chuva marítima
Friday 22 February 2008
lançamento virtual "A chuva nos espelhos"
Editora Alma Azul
ISNB: 978-972-8989-47-7
endereço email:
MARIA AZENHA- A ESCRITA DE LUZ
Temos necessidade que a água e o fogo nos purifiquem, nós, os seres últimos e mais impuros desta humilíssima terra. Temos necessidade que a sabedoria, a força e a beleza celestes fecundem os nossos corpos terrenos, frágeis e imperfeitos.
Nós, espelhos baços do nosso querer ser, temos necessidade da chuva, essa filha das nuvens e da tempestade que reúne em si a força purificadora do fogo e da água, para tornarmos mais límpidas as nossas almas.
“Deus envia o seu anjo com cada gota de chuva”, ensina-nos o esoterismo islâmico.
Como esse auxílio divino poderemos, como diz Maria Azenha,
“transportar o sonho de um lado para o outro
abrir com toda a força um buraco nos espelhos”.
E o poema é a chuva que transporta os nossos sonhos de um lado para o outro, que nos transporta para o outro lado do espelho à procura do sentido oculto do nosso estar aqui.
Sabemos que nos reduzimos a duas palavras: amor e morte. São estas as palavras que atravessam “ a chuva nos espelhos” (assim, com minúsculas, com a humildade da grande poesia): o amor da mãe, o amor do homem, o amor do filho, o amor da amiga.
À vista da morte, o poema, o amor, é uma lamentação, uma lágrima. E, como lembra a doce Maria, “ cada lágrima é um problema insolúvel”.
Junto às lágrimas, a morte é também o problema insolúvel, aquele momento
“ no relógio em que as horas ou as perguntas ficam sem corda.”
Muito para além da explicação das coisas, de uma filosofia que nos diga o que somos, como somos e para onde vamos, a poesia de Maria Azenha, alcançando o outro lado do espelho, remete-nos para o símbolo, para o mito, para o sagrado que há em tudo o que é verdadeiramente humano.
Reconhecendo que a compreensão total desse sagrado é inalcançável, Maria dá-nos os símbolos que nos permitem a aproximação ao sagrado - apenas a aproximação, porque o sagrado é intangível, invisível, indizível. Como sempre reconheceram os homens sábios, o sagrado está no céu, está no alto:
“o coração dos espelhos é alto tão alto”
escreve Maria Azenha, expressando essa verdade eterna.O espelho é o lugar onde nos conhecemos. A imagem do homem é-lhe dada pela água em repouso e pela luz que nela se reflecte. O espelho é umas vezes o símbolo do sol, a luz original, o elemento masculino e forte, outras o símbolo do lua, a luz reflectida, o elemento feminino e suave. Mas o espelho de Maria é um raríssimo espelho onde se encontram a força e a suavidade. Como ela escreve no poema intitulado “crianças espelhos” “ quando crescer vou ser a lua” .
O espelho é também o Homem conhecendo-se a si próprio, porque, como dizem os Anais dos monges Zen da dinastia T´ang”, “ O homem utiliza o homem como espelho.” A poesia de Maria Azenha é o espelho de Maria purificado pela chuva, porque ela guarda a sua “vida em livros de poemas”.
Em “a chuva nos espelhos” Maria dá-nos o melhor espelho que podemos encontrar no coração humano: uma escrita de luz como oferenda.
Henrique Dória
***