Sunday 27 December 2009



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Poema de Natal




Natal é um tempo subtilmente especial,
Pois saber invocar e respirar as bênçãos,
É uma arte de perseverança auroral,
Onde se vencem as dificuldades,
Com a aura do amor de Deus a entrar
E a entrega de toda a nossa vida a ressoar.


Assim vamos crescendo no Amor e na Unidade,
Conscientes do Templo que arde em nosso peito,
Enquanto fogo sagrado de confiança e harmonia,
Que levamos pela vida a fora e a dentro a irradiar.


 Não estamos sós: mestres, anjos e antepassados,
Muitos são os que nos espreitam ou inspiram.
A Eles dirigimos a nossa gratidão e inspiração:
Vibremos em Deus, sorriam em felicidade.


Assim vamos talhando o corpo espiritual
Na determinação de sermos espírito em acção
Brilhante centelha comungante de irradiação.
Sob o frio invernal e a cruz do sofrimento
Façamos desabrochar a rosa da beatitude imortal
E deixemos a sua fragrância irradiar invencível.


Avancemos peregrinos nas noites de Natal.
Sem irmos a baixo com os cansaços,
Antes como colunas entre o céu e a terra,
Fazendo descer as bênçãos de Deus,
Ressuscitando estrelas ungidas,
Pequenas centelhas no grande fogo cósmico,
Capazes de ajudarem, inspirarem e fortificarem.


Assim cheguei até ao coração e bati-lhe à porta.
Nem sabia que havia aí uma pequena entrada,
Onde o Ámen, o som da Palavra Divina, toca,
E uma luz pura e branca convida-te a meditar:
Sê o Espírito, abre-te, comunga da Presença Divina.


Eis o Natal a acontecer em ti: Deus a nascer em ti, em nós...


Natal
de Pedro Teixeira da Mota
em 12 Dez 2009











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Sunday 20 December 2009



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IX


meu coração é um pórtico partido

dando excessivamente sobre o mar.

vejo  em minha alma as velas vãs passar

e cada vela passa num sentido.


um soslaio de sombras e ruído

na transparente solidão do ar

evoca estrelas sobre a noite estar

em afastados céus o pórtico ido ...



fernando  pessoa

 passos da cruz  in  poemas




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Sunday 29 November 2009




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There is a solitude of space

A solitude of sea

A solitude of death, but these

Society shall be

Compared with that profounder site

That polar privacy

A soul admitted to itself -

Finite infinity.



Emily Dickinson






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Saturday 21 November 2009

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ouço a neve cantar


ouço a neve cantar

puro êxtase de luar e ar

canta num fantástico campo

de

puro

branco



canta em direcção ao mar


Maria Azenha

in a chuva nos espelhos






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Sunday 15 November 2009

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O belo espírito dos ares sopra no búzio,
avermelhado e esguio, distribui com a mão
o som que vai e vem
e voa, tão diferente dos pássaros das margens.

O meu amigo, o espírito dos ares, gosta de dormir ali
nos salgueiros, e já com ele aprendi isto e
aquilo, só não aprendo com ele
a repousar assim tão leve, encostado apenas à orla

da noite e afinal sempre na luz,
para logo acordar com olhos grandes de criança.
Como hei-de ser igual ao meu amigo -
só com o amor, sem dormir, à chuva?




Johannes Bobrowski, Como um Respirar,
tradução de João Barrento, Edições Cotovia, 1990







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Wednesday 4 November 2009

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This is love: to fly toward a secret sky,

to cause a hundred veils to fall each moment.
First, to let go of live.
In the end, to take a step without feet;
to regard this world as invisible,
and to disregard what appears to be the self.

Heart, I said, what a gift it has been
to enter this circle of lovers,
to see beyond seeing itself,
to reach and feel within the breast.



The Divani Shamsi Tabriz, XIII




rumi









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Friday 30 October 2009




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Para ver o mundo num grão de areia



E o céu numa flor silvestre,


Segura o infinito na palma da tua mão


E a eternidade numa hora.






William Blake - (1757-1827)








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Saturday 24 October 2009

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Quando eu morrer voltarei para buscar

os instantes que não vivi junto ao mar






Sophia de Mello Breyner Andresen










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Sunday 18 October 2009

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nesta noite há uma fenda entre os mundos...


... de pés ligeiros


solta na imensidão do vazio,


agora é fogo e ar


e  . . . eles são todos os ontens


sob os delicados cuidados da doce noite ... ao luar



 é para mim manhã radiosa quando à noite

 estás ao meu lado!





*h




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Saturday 3 October 2009







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Alegoria

Faço um castelo na areia do futuro. Torres
de névoa, ameias de fumo, pontes levadiças
de indecisão. Vejo a areia escoar-se
na ampulheta dos séculos; e um exército
de ondas rompe as linhas do infinito,
derrubando os muros da manhã.




Nuno Júdice




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Thursday 18 June 2009

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If you never say good-bye
to the best things
in your life

There are things
you don't appreciate
at all...


So it is best you don't try holding back in time...



Paul Tucker



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Saturday 13 June 2009



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XXIV


Something in me was born before the stars

And saw the sun begin from far away.

Our yellow, local day on its wont jars,

For it hath communed with an absolute day.

Through my Throught's night, as a worn robe's heard trail

That I have never seen, I drag this past

That saw the Possible like a dawn grow pale

On the lost night before it, mute and vast.

It dates remoter than God's birth can reach,

That had no birth but the world's coming after.

So the world's to me as, after whispered speech,

The cause-ignored sudden echoing of laughter.

That's has a meaning my conjecture knows,


But that's has meaning's all it meaning shows.




Fernando Pessoa
in poemas ingleses




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Friday 5 June 2009


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chove ...


chove sem saber que chove

chove dentro de mim ...


chove ...



chove um mar de fortes ondas

chove sem ter fim ...


chove


devagar chove


chove


aqui.







*h




...

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Thursday 28 May 2009

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um pouco de mar no jardim:

exactamente do tamanho

do lago no chafariz.




Sen no Rikyû

trad.: Stephen Reckert





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Saturday 16 May 2009



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libertas nos degraus do tempo

o espelho da inexistência

lugares comuns

lúcidos em loucura uniforme

vozes

...

... há palavras escondidas nas cadeias do tempo!




*h



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Monday 11 May 2009

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o tempo


É a flor, uma semente

bate-lhe o vento

e é uma rosa pura

passa o tempo, uma roseira.

A flor o seu destino tem

mas eu não o tenho

e nem da vida sei.

Não compreendo o mar,

nem o sol, nem o pensar.

Não tenho sonhos

nem sei o que é sonhar.

Estou perdido na minha vida

que é dentro de mim

não conheço o vento

nem o tempo, não conheço nada

do que há aqui à minha volta.

E nem conheço quem me fala

e nem conheço ninguém que sorri.

Só sei escrever e só vejo quem é como eu

faz chorar, meditar e escrever.




Patricia Susana 9 anos






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Wednesday 6 May 2009

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terás de percorrer uma longa distância...


entre a pura multidão das ondas

e a impura multidão dos homens





*h




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Saturday 2 May 2009



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mais além

onde nem tu

ousas chegar


só o tempo...

só o invisível tempo

te poderia levar




*h




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Tuesday 21 April 2009

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Soltas na existência,

e a um só Tempo,


o frágil desenvolvimento de uma bolha de ar...


de cristalina essência
e alma nua,
vogando
in intelligentia spiritualis




*h








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Saturday 18 April 2009

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Dual






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Altas marés no tumulto me ressoam


E paredes de silêncio me reflectem





Sophia de Mello Breyner Andresen

in Geografia











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Monday 13 April 2009

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Aqui me

sentei quieta!

Em redor de um espaço aberto,

e num mar muito longe e muito perto

atravessada pelo pulsar da suave luz ...

cerro os olhos!

e regresso

ao imenso azul que tanto seduz!



*h





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Wednesday 8 April 2009

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Cumpridos os deveres compridos deixaram
De assediar minhas horas


Doce a liberdade retoma em si minha leveza antiga




Sophia de Mello Breyner Andresen








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Friday 13 March 2009

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ad infinitum







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Sunday 8 March 2009


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Reino de medusas e água lisa

reino de silêncio luz e pedra

habitação das formas espantosas

coluna de sal e círculos de luz

medida da Balança misteriosa




sophia de mello breyner andresen





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Friday 6 March 2009

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oceano



Dá-me tu
a trégua


Que a mim
a tempestade vem-me
de um oceano sem calma
Reclamando o sal
do fundo da alma




maria teresa horta



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Friday 20 February 2009


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solidão


Um mar rodeia o mundo de quem está só. É

o mar sem ondas do fim do mundo. A sua água

é negra; o seu horizonte não existe. Desenho

os contornos desse mar com um lápis de

névoa. Apago, sobre a sua superfície, todos

os pássaros. Vejo-os abrigarem-se da borracha

nas grutas do litoral: as aves assustadas da

solidão. «É um mundo impenetrável» diz

quem está só. Senta-se na margem, olhando

o seu caso. Nada mais existe para além dele, até

esse branco amanhecer que o obriga a lembrar-se

que está vivo. Então, espera que a maré suba,

nesse mar sem marés, para tomar uma decisão.



Nuno Júdice

in poesia



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Monday 16 February 2009

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Once in the dream of a night I stood
Lone in the light of a magical wood,
Soul-deep in visions that poppy-like sprang;
And spirits of Truth were the birds that sang,
And spirits of Love were the stars that glowed,
And spirits of Peace were the streams that flowed
In that magical wood in the land of sleep.



- Sarojini Naidu






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Friday 6 February 2009

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Juegas todos los dias con la luz del universo.


subtil visitadora, llegas en la flor y en el agua.

...




Pablo Neruda


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Sunday 1 February 2009


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De que sedas se fizeram os teus dedos,
De que marfim as tuas coxas lisas
De que alturas chegou ao teu andar
A graça de camurça com que pisas.

De que amoras maduras se espremeu
O gosto acidulado do teu seio,
De que Índias o bambu da tua cinta,
O oiro dos teus olhos, donde veio.

A que balanço de que onda vais buscar
A linha serpentina dos teus quadris,
Onde nasce a frescura dessa fonte
Que sai da tua boca quando ris.

De que bosques marinhos se soltou
A folha de coral das tuas portas,
Que perfume te anuncia quando vens
Cercar-me de desejo a horas mortas.





José Saramago

in inventário


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Thursday 29 January 2009



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O beijo da quilha

na boca da água

me vai trocando entre céu e mar,

o azul de outro azul,

enquanto

na funda transparência

sinto a vertigem

da minha própria origem

e nem sequer já sei

que olhos são os meus

e em que água

se naufraga minha alma


Se chorasse, agora,

o mar inteiro


me entraria pelos olhos




Mia Couto

viagem






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Monday 26 January 2009


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Sem outro intuito

Atirávamos pedras
à água para o silêncio vir à tona.
O mundo, que os sentidos tonificam,
surgia-nos então todo enterrado
na nossa própria carne, envolto
por vezes em ferozes transparências
que as pedras acirravam
sem outro intuito além do de extraírem
às águas o silêncio que as unia.



Luís Miguel Nava

Vulcão I






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Tuesday 20 January 2009


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Geh aus, mein Herz

I.

Geh aus, mein Herz, und suche Freund

In dieser lieben sommerzeit

An deines Gottes Gaben:

Schau an der schönen Gärten Zier,

Und siehe, wie sie mir und dir

Sich ausgeschmücket haben.

...


Paul Gerhardt





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Sunday 18 January 2009




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lírios roxos
encantam o ar,
e o cheiro atravessa
a minha alma
de uma ponta à outra.


diz-me os teus segredos
carinhosos, como essas
pétalas roxas
e brilhantes!


a espuma do mar lá está
a olhar os lírios
que renascem
ao longe do tempo.





luís horta, 9 anos







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Friday 16 January 2009





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os barcos




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Dormem na praia os barcos pescadores

Imóveis mas abrindo

Os seus olhos de estátua


E a curva do seu bico

Rói a solidão.




Sophia de Mello Breyner Andresen




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Sunday 11 January 2009

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Tu és mais branca do que o cisne branco
Que voga no lago
Tu és mais branca do que a gaivota branca
Que voa no rio.
Tu és mais branca do que a neve branca
No cimo dos montes.
Tu és mais branca do que os anjos de branco
Que moram no céu.


Tu és a delicada baga vermelha
Que nos bosque acalma a fúria
De todos os homens.


Tu és a onda do mar.
Da praia-mar
Desces de manso
À baixa-mar.
Tu és a onda do mar.
Da baixa-mar


Sobes de manso
À praia-mar.






Canção de tradição oral gaélico escocês

trad.: José Domingues Morais






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Thursday 8 January 2009



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As ondas quebraram uma a uma


Eu estava só com a areia e com a espuma


Do mar que cantava só pra mim.






Sophia deMello Breyner Andresen


in "obra poética"




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Monday 5 January 2009


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Recomeça…. Se puderes

Sem angústia

E sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,

Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.

Sempre a sonhar e vendo

O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças…






Miguel Torga




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Thursday 1 January 2009

... há em ti!





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Todas as manhãs são frias ...


Todas as manhãs são líquidas ....



Momentos de verdadeira intimidade na sensibilidade


do eterno azul do mar!






*h





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