Friday 29 June 2007
mar de lazúli...
O MAR
Ó mar silencioso, mar de lazúli.
Eis-me enfeitiçado no teu abismo.
Estás vivo, respiras; de pensamento inquieto
e amor ansioso te insuflas, ó mar.
Ó mar silencioso, mar de lazúli,
abre-me o teu segredo mais profundo:
o que move o teu seio infinito?
Com que respira o teu peito tenso?
Talvez, de todo o jugo terrenal,
Te atraia o céu longínquo e claro?...
Cheio de vida misteriosa e branda
se, límpido, olhas o límpido céu:
corre em ti o seu azul luminoso,
ardem em ti sua aurora e ocaso,
afagas-lhe as nuvens de ouro e brilhas
alegre no brilho das suas estrelas.
Mas quando as nuvens negras conspiram
para roubar-te a visão do céu claro-
estrebuchas e uivas, levantas a crista
das ondas, rasgas a bruma adversa...
E vai-se a bruma, espantam-se as nuvens,
mas, tomado da recente inquietude,
ainda ergues ondas assustadas,
o brilho afável dos céus devolvidos
não te devolve a paz e o sossego;
é enganador teu espelho parado:
no abismo calmo escondes a ansiedade,
quando miras o céu tremes por ele.
Vassíli Jukóvski (1783-1852)
Tuesday 26 June 2007
Sunday 24 June 2007
Friday 22 June 2007
iamdudum
Thursday 14 June 2007
...being
Wednesday 13 June 2007
Fernando Pessoa
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
ooo
Atento ao que sou e vejo,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
ooo
Por isso, alheio, vou lendo
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu
Fernando Pessoa
óleo de Costa Pinheiro
chapéu do poeta Fernando Pessoa,1979, óleo s/tela
Saturday 9 June 2007
...bandos de asas
que em silêncio esgotam o mais profundo olhar,
.
bandos de asas
que flutuam na superficie mansa de um doce cantar,
.
bandos de sons
que sulcam o sublime espaço nas margens da terra.
.
que sulcam o sublime espaço nas margens da terra.
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bandos bandos bandos bandos bandos bandos somos nós
ooo
ooo
hag
Wednesday 6 June 2007
Tuesday 5 June 2007
...em silêncio
em silêncio em silêncio em silêncio
Em silêncio na terra,
percorres caminhos antigos,
.
Sombras esquecidas,
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Momentos de ternura e vida.
.
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Vidas de momento e ternura.
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Luz de lembranças,
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permaneces no agora distante.
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Em gritos de mar.
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hag