Wednesday 27 February 2008

chuva marítima

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Cultivo rosas brancas

em varandas a ocidente

daqui avista-se o mar

e o mar é grande

chove.

atravesso um caminho branco

chove.

o mar entrou pelo meu coração

chove.





poema de Maria Azenha
in A Chuva nos Espelhos

fotografia de Rolf T.


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Friday 22 February 2008

lançamento virtual "A chuva nos espelhos"


Editora Alma Azul

ISNB: 978-972-8989-47-7

endereço email:




MARIA AZENHA- A ESCRITA DE LUZ


Temos necessidade que a água e o fogo nos purifiquem, nós, os seres últimos e mais impuros desta humilíssima terra. Temos necessidade que a sabedoria, a força e a beleza celestes fecundem os nossos corpos terrenos, frágeis e imperfeitos.

Nós, espelhos baços do nosso querer ser, temos necessidade da chuva, essa filha das nuvens e da tempestade que reúne em si a força purificadora do fogo e da água, para tornarmos mais límpidas as nossas almas.
“Deus envia o seu anjo com cada gota de chuva”, ensina-nos o esoterismo islâmico.

Como esse auxílio divino poderemos, como diz Maria Azenha,
“transportar o sonho de um lado para o outro
abrir com toda a força um buraco nos espelhos”.
E o poema é a chuva que transporta os nossos sonhos de um lado para o outro, que nos transporta para o outro lado do espelho à procura do sentido oculto do nosso estar aqui.

Sabemos que nos reduzimos a duas palavras: amor e morte. São estas as palavras que atravessam “ a chuva nos espelhos” (assim, com minúsculas, com a humildade da grande poesia): o amor da mãe, o amor do homem, o amor do filho, o amor da amiga.
À vista da morte, o poema, o amor, é uma lamentação, uma lágrima. E, como lembra a doce Maria, “ cada lágrima é um problema insolúvel”.

Junto às lágrimas, a morte é também o problema insolúvel, aquele momento
“ no relógio em que as horas ou as perguntas ficam sem corda.”
Muito para além da explicação das coisas, de uma filosofia que nos diga o que somos, como somos e para onde vamos, a poesia de Maria Azenha, alcançando o outro lado do espelho, remete-nos para o símbolo, para o mito, para o sagrado que há em tudo o que é verdadeiramente humano.

Reconhecendo que a compreensão total desse sagrado é inalcançável, Maria dá-nos os símbolos que nos permitem a aproximação ao sagrado - apenas a aproximação, porque o sagrado é intangível, invisível, indizível. Como sempre reconheceram os homens sábios, o sagrado está no céu, está no alto:
“o coração dos espelhos é alto tão alto”
escreve Maria Azenha, expressando essa verdade eterna.O espelho é o lugar onde nos conhecemos. A imagem do homem é-lhe dada pela água em repouso e pela luz que nela se reflecte. O espelho é umas vezes o símbolo do sol, a luz original, o elemento masculino e forte, outras o símbolo do lua, a luz reflectida, o elemento feminino e suave. Mas o espelho de Maria é um raríssimo espelho onde se encontram a força e a suavidade. Como ela escreve no poema intitulado “crianças espelhos” “ quando crescer vou ser a lua” .

O espelho é também o Homem conhecendo-se a si próprio, porque, como dizem os Anais dos monges Zen da dinastia T´ang”, “ O homem utiliza o homem como espelho.” A poesia de Maria Azenha é o espelho de Maria purificado pela chuva, porque ela guarda a sua “vida em livros de poemas”.

Em “a chuva nos espelhos” Maria dá-nos o melhor espelho que podemos encontrar no coração humano: uma escrita de luz como oferenda.


Henrique Dória




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Wednesday 20 February 2008

...sou levado de mim

Vejo enfim as calmas areias quentes

Os fetos das fontes que o tempo secou

O fundo poço que sou e é velho e é triste

Nada muda o destino deste parado barco

O mar dorme em paz e sossego

A terra mostra ao sol os seios preguiçosos

As mulheres espreitam arrepiadas às janelas

Do caminho sobem ao céu súbitas nuvens de poeira


Tudo é divino à luz dourada dourado

Só eu sou levado de mim e me perco


António Dacosta

fotografia de Katrinna


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Monday 18 February 2008

...jardim do mar

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Jardim do mar, do sol e do vento,

Áspero e salgado,

Pelos duros elementos devastado

Como por um obscuro tormento:

E que não podendo como as ondas

Florescer em espuma.

Raivoso atira para o largo, uma a uma,

As pétalas redondas

Das suas raras flores.


Sophia de Mello Breyner Andresen

fotografia retirada da net


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Thursday 14 February 2008

...to love and be loved

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..." The rose speaks of love silently,

In a language known only to the heart

We were made to love and be loved

But the price this world demands

will cost you far too much ... "



imagem recebida por e-mail

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Wednesday 13 February 2008

...on time...

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TEMPO!

Tu és o Oceano e,

cada momento da vida

é uma das tuas ondas...


h

fotografia de Simon


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Monday 11 February 2008

...

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Se a vida não tem preço,
.
nós comportamo-nos sempre
.
como se alguma coisa ultrapassasse,
.
em valor, a vida humana...
.
Mas o quê?
.
.
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Antoine de Saint-Exupéry
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Saturday 9 February 2008

...our path

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Beautiful gorse-bushes why are you here?

We are just little lamps to illuminate your path.

Where did you get your sharp thorns from?

The flowers on top, the thorns below.


h

fotografia retirada da net

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Thursday 7 February 2008

...tesouros

Todos os tesouros do mundo não pagam

o valor de uma única palavra

que ilumina a alma.



Inayat Khan

fotografia retirada da net

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Monday 4 February 2008

rosa

ROSA ROSAE
rosa
rosae
ROSAM ROSAS
ROSAE
ROSARUM
ROSAE ROSIS
Rosa
Rosis
...
...
..
.
h


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Friday 1 February 2008

...lágrimas

.
.
Assim como a água lava e purifica
.
os elementos do mundo físico,
.
assim também o amor
.
preenche o mesmo fim,
.
em planos mais elevados.
.
.
Inayat Khan
.
.
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