Thursday 29 January 2009



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O beijo da quilha

na boca da água

me vai trocando entre céu e mar,

o azul de outro azul,

enquanto

na funda transparência

sinto a vertigem

da minha própria origem

e nem sequer já sei

que olhos são os meus

e em que água

se naufraga minha alma


Se chorasse, agora,

o mar inteiro


me entraria pelos olhos




Mia Couto

viagem






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Monday 26 January 2009


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Sem outro intuito

Atirávamos pedras
à água para o silêncio vir à tona.
O mundo, que os sentidos tonificam,
surgia-nos então todo enterrado
na nossa própria carne, envolto
por vezes em ferozes transparências
que as pedras acirravam
sem outro intuito além do de extraírem
às águas o silêncio que as unia.



Luís Miguel Nava

Vulcão I






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Tuesday 20 January 2009


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Geh aus, mein Herz

I.

Geh aus, mein Herz, und suche Freund

In dieser lieben sommerzeit

An deines Gottes Gaben:

Schau an der schönen Gärten Zier,

Und siehe, wie sie mir und dir

Sich ausgeschmücket haben.

...


Paul Gerhardt





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Sunday 18 January 2009




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lírios roxos
encantam o ar,
e o cheiro atravessa
a minha alma
de uma ponta à outra.


diz-me os teus segredos
carinhosos, como essas
pétalas roxas
e brilhantes!


a espuma do mar lá está
a olhar os lírios
que renascem
ao longe do tempo.





luís horta, 9 anos







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Friday 16 January 2009





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os barcos




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Dormem na praia os barcos pescadores

Imóveis mas abrindo

Os seus olhos de estátua


E a curva do seu bico

Rói a solidão.




Sophia de Mello Breyner Andresen




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Sunday 11 January 2009

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Tu és mais branca do que o cisne branco
Que voga no lago
Tu és mais branca do que a gaivota branca
Que voa no rio.
Tu és mais branca do que a neve branca
No cimo dos montes.
Tu és mais branca do que os anjos de branco
Que moram no céu.


Tu és a delicada baga vermelha
Que nos bosque acalma a fúria
De todos os homens.


Tu és a onda do mar.
Da praia-mar
Desces de manso
À baixa-mar.
Tu és a onda do mar.
Da baixa-mar


Sobes de manso
À praia-mar.






Canção de tradição oral gaélico escocês

trad.: José Domingues Morais






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Thursday 8 January 2009



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As ondas quebraram uma a uma


Eu estava só com a areia e com a espuma


Do mar que cantava só pra mim.






Sophia deMello Breyner Andresen


in "obra poética"




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Monday 5 January 2009


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Recomeça…. Se puderes

Sem angústia

E sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,

Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.

Sempre a sonhar e vendo

O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças…






Miguel Torga




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Thursday 1 January 2009

... há em ti!





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Todas as manhãs são frias ...


Todas as manhãs são líquidas ....



Momentos de verdadeira intimidade na sensibilidade


do eterno azul do mar!






*h





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