Sunday 16 November 2008




o mar


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Antes que o sonho (ou o terror) tecera
mitologias e cosmogonias,
antes que o tempo se cunhasse em dias,
o mar, sempre o mar, já estava e era.
Quem é o mar? Quem é o violento
e antigo ser que destrói os pilares
da terra, e é só um e muitos mares,
e abismo e resplendor e azar e vento?
Quem o olha vê-lo pela vez primeira,
sempre. Com o assombro tal que as coisas
elementares deixam, as formosas
tardes, a lua, o fogo da fogueira.
Quem é o mar, quem sou? Sei-o no dia
que virá logo após minha agonia.




poema de Jorge Luis Borges

trad.: José Bento

fotografia retirada da net




***

1 comment:

Vicente Ferreira da Silva said...

"Encurvo-me perante o silêncio do mar."

in Cartas aos afagos do Vento

In-finito Azul

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