
Tuesday, 31 July 2007
Monday, 30 July 2007
Sunday, 29 July 2007
onde guardas os pensamentos?
Saturday, 28 July 2007
Thursday, 26 July 2007
bicicleta

Lá vai a bicicleta do poeta em direcção
ao símbolo, por um dia de verão
exemplar. De pulmões às costas e bico
no ar, o poeta pernalta dá à pata
nos pedais. Uma grande memória, os sinais
dos dias sobrenaturais e a história
secreta da bicicleta. O símbolo é simples.
Os êmbolos do coração ao ritmo dos pedais –
lá vai o poeta em direcção aos seus
sinais. Dá à pata
como os outros animais.
O sol é branco, as flores legítimas, o amor
confuso. A vida é para sempre tenebrosa.
Entre as rimas e o suor, aparece e desaparece
uma rosa. No dia de verão,violenta, a fantasia esquece. Entre
o nascimento e a morte, o movimento da rosa floresce
sabiamente. E a bicicleta ultrapassa
o milagre. O poeta aperta o volante e derrapa
no instante da graça.
De pulmões às costas, a vida é para sempre
tenebrosa. A pata do poeta
mal ousa pedalar. No meio do ar
distrai-se a flor perdida. A vida é curta.
Puta de vida subdesenvolvida.
O bico do poeta corre os pontos cardeais.
O sol é branco, o campo plano, a morte
certa. Não há sombra de sinais.
E o poeta dá à pata como os outros animais.
Se a noite cai agora sobre a rosa passada,
e o dia de verão se recolhe
ao seu nada, e a única direcção é a própria noite
achada? De pulmões às costas, a vida
é tenebrosa. Morte é transfiguração,
pela imagem de uma rosa. E o poeta pernalta
de rosa interior dá à pata nos pedais
da confusão do amor.
Pela noite secreta dos caminhos iguais,
O poeta dá à pata como os outros animais.
Se o sul é para trás e o norte é para o lado,
é para sempre a morte.
Agarrado ao volante e pulmões às costas
como um pneu furado,
o poeta pedala o coração transfigurado.
Na memória mais antiga a direcção da morte
é a mesma do amor. E o poeta,
afinal mais mortal do que os outros animais,
dá à pata nos pedais para um verão interior.
herberto helder
Wednesday, 25 July 2007
Tuesday, 24 July 2007
AQUARELA (ORIGINAL) TOQUINHO
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América à outra eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá
Sunday, 22 July 2007
Wednesday, 18 July 2007
Friday, 13 July 2007
vou no meu voo
Wednesday, 11 July 2007
Tuesday, 10 July 2007
...quase
Sunday, 8 July 2007
...outro mar
Friday, 6 July 2007

Passam por mim as nuvens de toda uma vida...
Passam e não passam...
Ficam suspensas
A pairar no ar
Esperam por uma única palavra...
A palavra certa,
Aquela que nunca chegará a tempo
De as salvar.
Ancoradas nas margens,
Baloiçam no tempo da minha alma,
Paradas ...
Cegas...
À espera que o tempo
Acabe por passar!
Oceanus
Wednesday, 4 July 2007
...tinta fresca

Nascem
Entre traços
De tinta fresca.
.
Crescem,
Nos caminhos
Já trilhados
Por outras
Letras.
As palavras
Saltam à corda,
E brincam,
Como crianças
Felizes,
Entre virgulas e pontos
E ás vezes com dois pontos
Até fazem uma canção.
As palavras,
Mergulham,
Os seus sublimes véus
Em corais de mistério.
E de madrugada,
Em silêncio,
Voam em todo o seu esplendor.
Guardando os seus segredos
No azul mais profundo do céu.
.
Oceanus
Tuesday, 3 July 2007
Monday, 2 July 2007

I will arise and go now, and go to Innisfree,
And a small cabin build there, of clay and wattles made:
Nine beans-rows will I have there, a hive for the honey-bee,
And live alone in the bee-loud glade.
And I shall have some peace there, for peace comes dropping slow,
Dropping from the veils of the morning to where the cricket sings;
There midnight’s all a glimmer, and noon a purple glow,
And evening full of the linnet’s wings.
I will arise and go now, for always night and day
I hear lake lapping with low sounds by the shore;
While I stand on the roadway, or on the pavements grey,
I hear it in the deep heart’s core.

A ilha do lago de Innesfree
Vou levantar-me agora, e partir para Innisfree,
E lá uma cabana construirei, com argila e canas:
Plantarei nove pés de feijão e haverá uma colmeia para as abelhas,
E viverei solitário entre o rumor das abelhas.
E terei alguma paz, porque a paz é como uma gota preguiçosa,
Desprendendo-se dos véus da manhã para onde o grilo canta;
Onde a meia-noite é apenas um vislumbre, e o meio-dia um brilho púrpura,
E o entardecer uma plenitude de asas cantantes.
Ergo-me e vou agora, para sempre noite e dia,
Eu escutarei as águas do lago lambendo a margem com sons suaves,
Enquanto eu fico na berma da estrada, ou no pavimento cinzento,
Escutarei esse som no mais fundo do coração.
W.B.Yeats
Sunday, 1 July 2007
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