Tuesday 27 April 2010

*





Photobucket




Vi as águas, os cabos, vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fonte trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais


As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri


Navegações VII, p. 65



Sophia de Mello Breyner Andresen





*

No comments:

Page copy protected against web site content infringement by Copyscape