Sunday, 27 December 2009



*




Photobucket








Poema de Natal




Natal é um tempo subtilmente especial,
Pois saber invocar e respirar as bênçãos,
É uma arte de perseverança auroral,
Onde se vencem as dificuldades,
Com a aura do amor de Deus a entrar
E a entrega de toda a nossa vida a ressoar.


Assim vamos crescendo no Amor e na Unidade,
Conscientes do Templo que arde em nosso peito,
Enquanto fogo sagrado de confiança e harmonia,
Que levamos pela vida a fora e a dentro a irradiar.


 Não estamos sós: mestres, anjos e antepassados,
Muitos são os que nos espreitam ou inspiram.
A Eles dirigimos a nossa gratidão e inspiração:
Vibremos em Deus, sorriam em felicidade.


Assim vamos talhando o corpo espiritual
Na determinação de sermos espírito em acção
Brilhante centelha comungante de irradiação.
Sob o frio invernal e a cruz do sofrimento
Façamos desabrochar a rosa da beatitude imortal
E deixemos a sua fragrância irradiar invencível.


Avancemos peregrinos nas noites de Natal.
Sem irmos a baixo com os cansaços,
Antes como colunas entre o céu e a terra,
Fazendo descer as bênçãos de Deus,
Ressuscitando estrelas ungidas,
Pequenas centelhas no grande fogo cósmico,
Capazes de ajudarem, inspirarem e fortificarem.


Assim cheguei até ao coração e bati-lhe à porta.
Nem sabia que havia aí uma pequena entrada,
Onde o Ámen, o som da Palavra Divina, toca,
E uma luz pura e branca convida-te a meditar:
Sê o Espírito, abre-te, comunga da Presença Divina.


Eis o Natal a acontecer em ti: Deus a nascer em ti, em nós...


Natal
de Pedro Teixeira da Mota
em 12 Dez 2009











*




Sunday, 20 December 2009



*





Photobucket





IX


meu coração é um pórtico partido

dando excessivamente sobre o mar.

vejo  em minha alma as velas vãs passar

e cada vela passa num sentido.


um soslaio de sombras e ruído

na transparente solidão do ar

evoca estrelas sobre a noite estar

em afastados céus o pórtico ido ...



fernando  pessoa

 passos da cruz  in  poemas




*


Sunday, 29 November 2009




*




Photobucket









There is a solitude of space

A solitude of sea

A solitude of death, but these

Society shall be

Compared with that profounder site

That polar privacy

A soul admitted to itself -

Finite infinity.



Emily Dickinson






*


Saturday, 21 November 2009

*







Photobucket




ouço a neve cantar


ouço a neve cantar

puro êxtase de luar e ar

canta num fantástico campo

de

puro

branco



canta em direcção ao mar


Maria Azenha

in a chuva nos espelhos






*

Sunday, 15 November 2009

*





Photobucket




O belo espírito dos ares sopra no búzio,
avermelhado e esguio, distribui com a mão
o som que vai e vem
e voa, tão diferente dos pássaros das margens.

O meu amigo, o espírito dos ares, gosta de dormir ali
nos salgueiros, e já com ele aprendi isto e
aquilo, só não aprendo com ele
a repousar assim tão leve, encostado apenas à orla

da noite e afinal sempre na luz,
para logo acordar com olhos grandes de criança.
Como hei-de ser igual ao meu amigo -
só com o amor, sem dormir, à chuva?




Johannes Bobrowski, Como um Respirar,
tradução de João Barrento, Edições Cotovia, 1990







*


Wednesday, 4 November 2009

*





Photobucket




This is love: to fly toward a secret sky,

to cause a hundred veils to fall each moment.
First, to let go of live.
In the end, to take a step without feet;
to regard this world as invisible,
and to disregard what appears to be the self.

Heart, I said, what a gift it has been
to enter this circle of lovers,
to see beyond seeing itself,
to reach and feel within the breast.



The Divani Shamsi Tabriz, XIII




rumi









*
Page copy protected against web site content infringement by Copyscape