Sunday 30 September 2007
Da transparência
Senhor libertai-nos do jogo perigoso da transparência
No fundo do mar da nossa alma não há corais nem búzios
Mas sufocado sonho
E não sabemos bem que coisa são os sonhos
Condutores silenciosos canto surdo
Que um dia subitamente emergem
No grande pátio liso dos desastres
Sophia de Mello Breyner Andresen
in Obra Poética
fotografia de William E.
Saturday 29 September 2007
esta vista de mar...
Friday 28 September 2007
Thursday 27 September 2007
Lá fora onde árvores são
Lá fora onde árvores são
O que se mexe a parar
Não vejo nada senão,
Depois das árvores, o mar.
É azul intensamente,
Salpicado de luzir,
E tem na onda indolente
Um suspirar de dormir.
Mas nem durmo eu nem o mar,
Ambos nós, no dia brando,
E ele sossega a avançar
E eu não penso e estou pensando.
Fernando Pessoa
fotografia de Lia
Wednesday 26 September 2007
lua
Tuesday 25 September 2007
apenas...
Monday 24 September 2007
sombras
valerá a pena ver o que para todos se torna invisível,
mesmo aos olhos do coração?
valerá a pena sentir o pulsar da Natureza...
nos seus momentos de sublime comunhão?
valerá todo o esforço para acompanhar mesmo quem ainda grita ... não...!?
dentro desta bola de ar que envolve a terra, a solidão?
valerá a pena? ...que estranha questão?
vale... vale tudo a pena, até ao último minuto, por um irmão...
...
hag
fotografia retirada da net
"casa de luz"
Saturday 22 September 2007
oceano
Wednesday 19 September 2007
contraluz
Tuesday 18 September 2007
O Inverno chegou
O Inverno chegou com a sua penúria.
o
A água dos lagos invade os campos.
o
Tudo o que toca a geada queima.
o
As ondas do mar perderam alegria
o
Rugem antigas esquecidas ameaças.
o
o
Anónimo
origem Celta (séc.IX)
Friday 14 September 2007
meditação
O homem tem consciência,
no curso da sua vida,
de ser levado para a morte.
Mas percorre tão docemente a jornada de todo o dia
que imagina permanecer na mesma parte.
Parece um passageiro imóvel sobre um barco:
na verdade, é tão rápido quanto o vento móvel.
o
o
Moisés Ibn Ezra (c. 1055 - 1135)
o
fotografia de MIber
o
o
Monday 10 September 2007
onda s ...
Saturday 8 September 2007
azul real
Azul real
...............no aço da
...............linha do mar.
E depois
na pedra escaldante
o corpo,
e em ti
os jardins em ti
olmos e zénite de luz
uma saudação:
...................a doçura de ervas
...................a manhã.
Muitas vezes, sim, a grandeza melancólica
das águas! Uma
insistente solidão, fundo
no labirinto
dos teus olhos e -
sob o sussurro as árvores da morte
do meio-dia.
Não ainda a perda dos limites! O
mar sem margem!
..................Claro cristal
..................a alegria rochosa!
o
o
Erich Arendt (1903- 1984)
fotografia retirada da net
Friday 7 September 2007
o sol na água
Wednesday 5 September 2007
em silêncio
hoje as palavras partiram,
apenas as flores ficaram para te receber...
nada mais resta,
nada mais,
apenas a certeza de estares a sorrir...
longe ou perto,
voltarás a partir...
para um outro e qualquer lugar
de onde o amor quer fugir.
só a fome...
só as lagrimas ...
só a dor...
só o amor consegue vencer e...
fazer-te sorrir!
só.
............................................................. hag
fotografia de katty t.
Tuesday 4 September 2007
simbologia da cor
Testamento
- Um azul cerúleo para voar alto.
- Um azul cobalto para a felicidade.
- Um azul ultramarino para estimular o espírito.
- Um vermalhão para o sangue circular alegremente.
- Um verde musgo para apaziguar os nervos.
- Um amarelo ouro: riqueza.
- Um violeta cobalto para o sonho.
- Um garança que deixe ouvir o violoncelo.
- Um amarelo barife: ficção ciêntifica e brilho; resplendor.
- Um ocre amarelo para aceitar a terra.
- Um verde veronese para a memória da primavera.
- Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
- Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
- Um amarelo limão para o encanto.
- Um branco puro:pureza.
- Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
- Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
- Uma terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra.
- Uma terra de siena queimada para o sentimento da duração.
........................................................................................... Vieira da Silva
Biblioteca, 1949
Ariane,1988
Ariane,1988
Monday 3 September 2007
os dois elementos
Sunday 2 September 2007
Meio - Dia
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